No começo desta semana, um post publicado pelo grupo de ciclismo australiano, Drivers for registration of cyclists, @SingleFilePlease, viralizou nas redes sociais. Ela contém a foto da traseira de um ônibus em Perth na qual uma peça publicitária mostra um ciclista trafegando por uma avenida. Ao lado, a mensagem “Se você não o vê, nem a família dele o verá. Então, preste atenção a esses idiotas em bicicletas”.
A foto era uma montagem, uma fake news, e foi desmascarada pelo jornal britânico Daily Mail mas, mesmo assim, o conteúdo até o momento já tem 16 mil curtidas e 22 mil compartilhamentos.
A fake news evidencia um momento triste para ciclistas australianos. Pesquisadores das universidades Monash, Queensland e the University e Melbourne , publicaram estudo em que mais da metade dos australianos não os considera totalmente humanos.
O estudo revelou uma ligação entre a desumanização de ciclistas e a existência de atos deliberados de agressão contra eles. Nele, 11% dos entrevistados revelaram praticar a “fina educativa”, que consiste em conduzir conscientemente o automóvel o mais próximo possível de quem está pedalando.
É a primeira vez que ciclistas entram no rol de pessoas desumanizadas. A situação é mais comum entre grupos étnicos ou raciais.
A pesquisa trouxe outros alertas, tal como os 17% de entrevistados que afirmaram usar o carro para bloquear a passagem e os 9% que deliberadamente usam o automóvel para fechar ciclistas.
“Quando você acha que alguém não é totalmente humano é fácil justificar o ódio ou a agressão contra ele, disse Alexa Delbocs, líder do estudo, para o periódico The West Australian. “Isso pode contribuir para uma escalada cíclica de ressentimento”, alertou.
Matt Fulton, da organização de ativistas WestCycle, acredita que o ambiente de ódio aos ciclistas provém do modo de vida urbano.
“Uma das razões para motoristas apresentarem comportamentos agressivos contra ciclistas pode ser a combinação da nossa cidade ter se tornado cada vez mais dependente de automóveis e congestionada e isso coloca mais pressão nas pessoas devido à falta de tempo”, explica.