Seria um vídeo corriqueiro de um motociclista que gosta de acelerar pelas três pistas vazias da avenida Senador Teotônio Vilella no alvorecer de um domingo qualquer, não fosse o encontro que ele teve com uma tragédia provocada por um motorista imprudente e que matou o ciclista Jackson Paiva, 53, e mandou um dos amigos que pedalava com ele para o hospital com lesões na coluna cervical.
A cena é triste e acontece pouco depois da seis da manhã do domingo 4 de abril de 2021. O motociclista reduz a velocidade e encosta a moto ao lado da ocorrência, momentos após o atropelamento. O ciclista Jackson está estirado de bruços no chão; inerte. Os amigos dele o rodeiam, sem saber o que fazer. Na calçada, testemunhas que acompanharam o crime estão horrorizadas com a violência. A imagem da bicicleta estraçalhada e do para brisa estilhaçado do Renault dão a dimensão do impacto.
A câmera também mostra o responsável pela tragédia, Alex Sandro A.P. da Silva, de 21 anos, igualmente aturdido, andando para lá e para cá; ele chega a esboçar um desmaio; as pernas se dobram, mas ele se apoia no poste e volta para dentro do carro. O motociclistas pergunta se ele está bem. Alex não fala, só balança a cabeça. Está arrasado.
Ao longo desse domingo de Páscoa, Jackson terá ido para o serviço funerário e, Alex, para a carceragem do 101º Distrito Polocial, onde será indiciado por homicídio doloso. O delegado responsável pelo caso declarou para a reportagem da TV Record que Alex assumiu o risco de matar, já que foi visto em alta velocidade disputando corrida com outro veículo. Câmeras da vizinhança captaram o momento em que ele atropela os ciclistas. Investigadores estão em busca do outro carro que disputava o “racha”.
O caso não terá grandes repercussões na imprensa. Alex parou para prestar socorro e o exame do bafômetro não acusou presença de álcool no sangue dele. Porém, ele não tem permissão para dirigir.
Primeira morte do ano, mas são 74 desde 2015
Desde que o sistema de contagem de mortes e lesões no trânsito do Estado de São Paulo, Infosiga, foi lançado em 2015, houve 74 mortes na avenida Senador Teotônio Vilella provocadas por carros, ônibus, caminhões e motocicletas.
Jackson foi a primeira morte do ano na Teotônio Vilella e o segundo ciclista de toda a série estatística. Há uma ciclovia no canteiro central.
Quem morreu mais nos 10 quilômetros de extensão da avenida que liga o autódromo de Interlagos ao bairro do Grajaú foram os motociclistas e pedestres, com 34 e 31 ocorrências, respectivamente.
O ano de 2017 foi o mais mortal, com 20 óbitos e os domingos à noite são o período em que mais ocorrem os sinistros mortais.


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