Ciclovia estrangulada: nova modalidade viária da Cidade de São Paulo

A administração Ricardo Nunes inaugurou uma nova modalidade viária em São Paulo: a ciclovia estrangulada. Ela fica no canteiro central da avenida Dr. Abraão Ribeiro, bairro da Barra Funda, passa ao lado do Fórum Criminal e deveria conectar, com conforto e segurança, a ciclofaixa da avenida Marquês de São Vicente com a ciclovia da Ponte da Casa Verde.

O perfil Fragmento Relativo, no X/Twitter, mandou o vídeo, do qual selecionei os quadros a seguir. Nota-se que as dimensões de segurança da ciclovia, que é bidirecional, ficam comprometidas quando passam ao lado de arbustos paisagísticos e postes de sinalização que deveriam ter sido removidos ou realocados no canteiro. Preferiram, no entanto, o acochambramento, termo que engenheiros conhecem bem o sentido. É mais barato, afinal.

“Ciclovias com linhas tortas, cheias de obstáculos, que demoram meses para se concluir (concreto em maio, semáforo em agosto, pintura de solo em outubro, agora vai saber quando vão instalar os taxões”, escreveu o ciclista Fragmento Relativo no X.

Não custou pouca coisa essa obra. Foram R$ 178 mil reais por seiscentos metros de concreto produzidos pela Habitem Incorporação e Construção, empresa vencedora das concorrências 002 e 003 de 2022 da Secretaria de Mobilidade e Trânsito da cidade.

Especificamente, é o contrato 004/2022-smt assinado em março de 2022 que faz parte do total de 48 quilômetros novas de ciclovias em concreto armado que já deveriam ter sido entregues, mas ainda estão patinando. A ordem de serviço para executar esse trecho, por exemplo, foi emitida em outubro de 2023.

Vale dizer que a responsabilidade da Habitem é só pelo concreto, já que a sinalização fica a cargo da Companhia de Engenharia de Tráfego – CET. Os doutores devem ter se inspirado no mês do Halloween, pois a sinalização mais parece um labirinto assombrado. Tomara que não apareçam nem a Monga, nem a Cuca

Tem outros três vídeos no post da mídia social. Todos são os exemplos da qualidade da política pública de estímulo ao uso da bicicleta que a gestão Ricardo Nunes apresentou nos últimos 3 anos e meio. Não é só essa ciclo que está fora dos padrões do Manual de Sinalização de Trânsito da Secretaria Nacional de Trânsito.

As ciclolinhas do Nunes são uma constante na cidade mas, nesse caso, é visível que os largura mínima de 1,5 metro para uma ciclovia bidirecional, não está sendo cumprido.

Segundo o Manual de Sinalização de Trânsito da Senatran, admite-se largura útil mínima de 0,80m na unidirecional e de 1,60m na bidirecional para os casos de interferências, tais como: obstáculos físicos fixos (árvores, postes de iluminação e outros), estreitamento de pista em pequenos trechos, desde que devidamente justificados por estudos de engenharia.

Perguntei para uma especialista em mobilidade por bicicletas o que ela achava desse “show da xuxa do horror” e ela respondeu. “Como pode? É um total descaso”.

Vídeo mostra a qualidade das ciclovias da administração Ricardo Nunes


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